Olá e bom fim-de-semana a todos e vamos lá a mais uma opinião sobre um livro que foi a minha companhia na última semana em que estive a recuperar em casa. “A Arte Subtil De Saber Dizer Que Se F*da” de Mark Manson, uma edição Saída de Emergência e era uma das leituras do mês de Janeiro.
“A chave para uma boa vida é estar-se a cagar para mais e importar-se antes com o menos, importar-se apenas com o que é verdadeiro, imediato e importante.”
Este livro sempre me despertou a atenção, ao início muito por causa do título e depois pelos meses em que o vi sempre nos tops de venda. Não podia ser só um título engraçado, tinha que ter algum conteúdo interessante, mas sinceramente, pensei que fosse um livro com uma abordagem muito “fora” e em que o autor se estivesse a c*gar e como que por magia isso lhe tivesse dado a vida com que sempre sonhou. Mas não era. Também não é um típico livro de desenvolvimento pessoal (e eu leio uns quantos). Este livro traz-nos uma perspectiva diferente de como abordar a vida, os nossos problemas, o sofrimento, entre outras coisas. Mais uma vez, foi um livro em que anotei mais de uma dezena de excertos.
“o que é interessante acerca da lei do esforço invertido é que se chama «invertido» por uma razão: dizer «que se foda» tem um efeito inverso. E perseguir o positivo é um negativo, então perseguir o negativo gera o positivo. A dor que sofre no ginásio resulta, de um modo geral, em mais saúde e energia. Os fracassos nos negócios são o que leva a uma melhor compreensão do que é necessário para ser bem-sucedido. Ser aberto em relação às suas inseguranças, paradoxalmente, torna-o mais confiante e carismático junto dos outros. A dor de um confronto honesto é o que gera maior confiança e respeito nas suas relações. Sofrer os seus medos e ansiedades é o que lhe permite construir coragem e perseverança.”
“Nós sofremos, pela simples razão de que sofrer é biologicamente útil. É o agente preferido pela natureza para inspirar mudança. Evoluímos no sentido de viver com um certo grau de insatisfação e insegurança, porque uma criatura medianamente insatisfeita e insegura é a que vai fazer a maior parte do trabalho para inovar e sobreviver. Estamos programados para nos tornarmos insatisfeitos com o que quer que tenhamos e satisfeitos apenas por aquilo que não temos. Esta constante insatisfação manteve a nossa espécie a lutar e a esforçar-se, a construir e a conquistar. Por isso, não, a nossa própria dor e infelicidade não são um obstáculo à evolução humana, mas uma funcionalidade.”
No geral, gostei bastante do livro, mas acima de tudo adorei a forma descomplicada, descontraída e sem papas na língua com que o autor foi falando das várias temáticas. O autor não tem problema nenhum em ser inconveniente (que é a palavra actual para honesto) e nunca usa “paninhos quentes” para embelezar a mensagem que pretende passar. Para mim, que leio muitos livros de desenvolvimento pessoal, esta perspectiva “alternativa”, é mais uma que me vai enriquecer e com a qual aprendi novas formas de lidar com os problemas actuais e com aqueles que ainda estão por vir.
“As raras pessoas que se tornam verdadeiramente excecionais em alguma coisa não o fazem por acreditarem que são excecionais. Pelo contrário, tornam-se fantásticas porque estão obcecadas pelo aperfeiçoamento. E essa obsessão pelo aperfeiçoamento deriva de uma crença implacável de que, na verdade, não são assim tão fantásticas. São a antítese do achar-se no direito. As pessoas que se tornam grandes em alguma coisa tornam-se grandes porque compreendem que ainda não são grandes — são medíocres, são médias — e que podem ser muito melhores.”
Recomendo a todos, mesmo para quem não é fã dos livros de desenvolvimento pessoal habituais. Vale bem a pena e como não é um livro muito grande e que se lê, até quando uma infecção pulmonar nos deixa de cama! Quem já leu? Gostaram? Ficaram curiosos? Que livros deste género são os vossos favoritos? Comentem e até à próxima!
“Existe uma descoberta muito simples a partir da qual todo o aperfeiçoamento e crescimento pessoal emerge. É a descoberta de que, individualmente, somos responsáveis por tudo nas nossas vidas, independentemente das circunstâncias externas.
Nem sempre controlamos o que nos acontece. Mas controlamos sempre a maneira como interpretamos o que nos acontece, assim como a forma como reagimos.
Quer reconheçamos conscientemente, quer não, somos sempre responsáveis pelas nossas experiências. É impossível que não o sejamos. Escolher não interpretar conscientemente os eventos da nossa vida é ainda assim uma interpretação dos eventos da nossa vida. Escolher não reagir aos eventos na nossa vida é ainda assim uma reação a esses eventos. Mesmo que sejamos atropelados por um carro alegórico e gozados por um autocarro cheio de miúdos da escola, continua a ser responsabilidade nossa interpretarmos o sentido do acontecimento e escolher uma reação.”
“A beleza do póquer é que, embora a sorte esteja sempre envolvida, não é ela que dita os resultados do jogo a longo termo. Uma pessoa pode ter mãos terríveis e ganhar a alguém que recebeu excelentes cartas. Claro que quem tem boas mãos tem mais probabilidade de ganhar, mas o vencedor acaba por ser determinado — pois, já adivinhou — pelas escolhas que cada jogador faz ao longo do jogo.
Vejo a vida da mesma maneira. Todos recebemos uma mão de cartas para jogar. Uns têm cartas melhores do que outros. E embora seja fácil ficarmos atolados nas nossas cartas, e sentir que fomos tramados, o verdadeiro jogo reside nas escolhas que fazemos com essas cartas, nos riscos que decidimos correr e nas consequências com que escolhemos viver. As pessoas que fazem consistentemente as melhores escolhas nas situações que lhe surgem são as que acabam por ter melhores resultados, no póquer e na vida. E essas não são necessariamente as pessoas que têm melhores cartas.”
“O mimar da mente moderna resultou numa população que sente merecer algo sem o conquistar, uma população que sente ter o direito a algo sem se sacrificar por isso. As pessoas declaram-se especialistas, empreendedoras, inventoras, inovadoras, mavericks e coaches sem qualquer experiência da vida real. E não o fazem por realmente pensarem que são melhores do que os outros; fazem-no porque sentem que precisam de ser fantásticos para serem aceites num mundo que apregoa o extraordinário.
A nossa cultura atual confunde grande atenção com grande sucesso, assumindo que são a mesma coisa. Mas não são.”