Como podem antever pelo título o assunto que vos trago hoje é no mínimo constrangedor e algo que me deixa um pouco envergonhado, mas como cada um é para o que nasce e eu nasci para… “Ó mãe eu nasci para quê?!”, ah pois já me lembro nasci para te fazer ganhar o recorde do Guinness com o único aborto de sucesso aos nove meses.
Mas voltando ao assunto, aqui o filho mais novo da minha mãe sempre se sentiu um homem de sorte e como se o feito de “Aborto do Guinness” não fosse já suficientemente relevante, ainda nasceu (ou obtive em tenra idade) um problema peniano de grande relevância para a sua vida (atenção que não estamos aqui a discutir tamanhos, mas problemas).
E o recorde do Guinness para o único aborto de sucesso aos nove meses vai para... mim!
Naquela época dos meus seis ou sete anos eu nem dava por esse problema, mas o facto é que o Ferrari entre pernas tinha um problema cientificamente chamado de Fimose (na altura um Ferrari, miniatura à escala). A Fimose consiste, não num problema de arranque de motor, mas na incapacidade do Ferrari recolher a sua capota e possibilitar que a cabeça ande solta ao sabor do vento. Felizmente existe uma cirurgia correctiva desse problema que se deve realizar, até aos dez anos.
Como todo o bom português limitado ao serviço nacional de saúde, fiz a operação dentro dos prazos… aos onze anos e graças uma cunha que agilizou o processo (por processo entenda-se a cirurgia e não o acto de recolher a capota).
Como é óbvio com tudo isto a acontecer eu não podia ser um rapaz confiante e feliz. Vocês imaginem ter um Ferrari entre pernas, mas com problemas aos zero quilómetros — porque sim, eu sou um Ferrari: despacho-me depressa.
A operação foi um sucesso e o ferrarizinho já podia sentir o vento a passar na cabeça à vontade. A primeira vez que olhei para ele tinha mais pontos e costuras que a Moda Lisboa. O processo de recuperação consistia em movimentos oscilantes para cima e para baixo, vulgo, masturbação. Não era um processo fácil, desde logo note-se a ausência de um filmezinho ou duma revista animadora, e com tantos pontos era uma acção que causava dor. Sim, a minha primeira vez também doeu.
Mas nada doeu tanto como em outras duas ocasiões:
A primeira aconteceu depois de ver que o último ponto não iria “cair”, e por ordem médica, era necessário removê-lo (rebentá-lo à mão). Mulheres, e tal como vocês já sei o que é ter o período. Homens, ainda bem que vocês não sabem a dor que é ver a tinta vermelha do Ferrari a escorrer toalha abaixo enquanto as pernas tremiam mais do que as de um bailarino de Kuduro.
A segunda aconteceu obviamente depois da primeira e foi no dia em que decidi ir jogar à bola sem a coquilha e como rapaz de sorte e inteligente, fui para a baliza e acabei com uma bola a bater no sítio onde já haviam duas. Mulheres, se isto não forem dores de parto, então eu não sei o que será!
Com o passar do tempo a adolescência apareceu e a puberdade fez o seu trabalho e o Ferrari ficou perfeitamente saudável, necessitando, evidentemente por ordem médica, duma manutenção cuidada e eficaz, incluindo mudança de óleo, verificação das duas bombas de água.
Actualmente (não neste preciso momento) o Ferrari está vivo, forte e de boa saúde, contando com uma média de reclamações por utilizador de… zero por cento. Não me chamem convencido, mas acho isso normalíssimo, especialmente por ser eu o único utilizador. Nem toda a gente tem mãos para um Ferrari!
Eu avisei...