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Carola Ponto e Vírgula

Carola Ponto e Vírgula

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         Como vimos nos primórdios deste blogue o meu pai foi um dos primeiros mestres na arte do desenvolvimento pessoal a que actualmente virou moda chamar Coaching. Vimos que teve azar pois o seu método estava planeado para quem tivesse mais maturidade que o meu irmão. Embora um pioneiro na arte, também ele se deixou afectar com este pequeno revés. Até os génios precisam de um coach em momentos difíceis.

         E como um mal nunca vem só, o Coach Carola ainda me tinha a mim e viu aqui no seu filho XL a derradeira oportunidade de catapultar a sua carreira para o estrelato. Mas, infelizmente, também eu não estava à altura de tamanha classe e sabedoria… oh pobre Armindo Carola, como te falhei, meu velho…

 

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         O pior é que o senhor Armindo nunca me falhou com nada enquanto aplicava o seu método característico de coaching à distância em paralelo com a psicologia invertida. A culpa foi minha que não compreendi a preciosidade dos ensinamentos que estariam para vir.

         Das primeiras coisas que me lembro de lhe pedir foi uma guitarra acústica e o meu pai e coach, prontamente me ofereceu uma assim que pode. Um bom coach cria todas as condições para que o seu protegido atinja o nível de excelência.

         O problema foi que aqui o ignorante queria sempre mais e mais, e acabou por exigir ao seu pai um professor de música que lhe ensinasse a tocar no instrumento (calma, ainda estou a falar naquele com cordas). O meu pai saca uma cartada genial e diz: “não”. Qualquer pessoa que conheço o método de psicologia inversa percebe que aquele “não” significa: “Vai filho, tu consegues ser autodidacta, és inteligente e vais conseguir aprender sozinho, confio na tua sabedoria”. É triste ver que te deram todas as condições para triunfar e tu metes a viola no saco e não mexes uma palha para que o sucesso te bata à porta. Burrice é o meu nome do meio!

 

Seguisse eu os conselhos do melhor coach, podia ser um décimo disto a espalhar o terror num qualquer bar deste mundo...

 

         Depois mudei o chip e com ele mais uma grande dica do Coach Carola: foi no auge da loucura de Dragon Ball que percebi que adorava de desenhar aquelas personagens e encher folhas e folhas de papel com histórias inventadas para complementar e prever o que se ia passando na TV. Não sendo um Picasso, quanto mais desenhava melhor ficavam os Son Gokus e Vegetas. Motivado com a minha capacidade, num certo dia, disse ao meu pai:

—Quando for grande quero fazer desenhos animados para os miúdos!

— Isso não dá dinheiro nenhum! — disse o meu pai sacando mais uma tirada de mestre.

Como é que naquele “isso não dá dinheiro nenhum!” eu não percebi que estava mais um momento de motivação que gritava: “Vai em frente filho, faz histórias e crianças felizes em todo o Mundo. Depois com a dedicação certa e aquela pontinha de sorte ainda vês o teu trabalho não só na TV, como em brinquedos, T-shirts e jogos de consola, e ficas rico a fazer o que gostas!”. Parece impossível, mas eu não tinha inteligência para ver uma coisa tão simples.

 

 

Não era assim tão bom, mas focado nos conselhos sábios do meu pai, isto podia ser meu...

 

 

A gota de água foi quando eu, que na minha ideia, já tinha ido rejeitado duas vezes por desejos no mundo das artes (mas qual rejeitado, tu foste burro, isso sim, por não perceberes os aconselhamentos extraordinários do teu pai), decidi dedicar-me completamente aos estudos.

Estava eu no 10º Ano e na disciplina rainha das dificuldades da maioria dos alunos, matemática, e num grande teste tive 16 valores em 20 possíveis.

Assim que vi o meu pai e na esperança que este fosse o resultado que servisse como pedido de desculpas pelos falhanços anteriores disse-lhe:

— Pai, pai, olha tive 16 no teste de matemática!

E foi quando o génio da psicologia inversa e do aconselhamento respondeu:

—Faltavam quatro para o vinte!

Genial, era matemática do mais básico possível 16+4 = 20, foi como se gritasse de contentamento: “Muito bem filho, esforça-te por conseguir mais quatro valores e assim estarás no topo, e é sempre no topo que os melhores focam os seus objectivos”.

 O que é que eu fiz com uma lição desta importância?! Tirei os tais quatro valores, em vinte possíveis, que faltavam como forma de protesto contra o meu pai (mas que visto agora, foi um protesto contra a minha falta de visão perante a genialidade do coaching, que dava pelo nome de Armindo Carola. O melhor conselho que vos posso dar é que ouçam aquilo que o vosso coach os diz! Porque a tanta burrice não há coach que resista…

 

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Dragão desejo voltar atrás no tempo e conseguir aplicar os ensinamentos do Coach Carola