Como um mal nunca vem só, além de ser segunda-feira ainda é dia de “A Vida Dum Carola” e é com uma combinação vencedora destas que começamos mais uma semana! Quando é que isto melhora?! Na quarta-feira… porque é feriado (não fiquem já com as expectativas muito altas para o “De Mim Para Ti” desta semana)!
Normalmente a segunda-feira marca o início da semana de trabalho, normal como isso, ou talvez não, foi a minha primeira experiência no mundo laboral.
Estávamos no ano de 2006, e aqui o Carola com os ossos mais pesados da minha família, tinha acabado finalmente o secundário e embora me sentisse orgulhoso desse feito, não tinha nem intenções, nem condições e muito menos pontuações médias que me permitissem ir para a universidade. “Deixa a universidade para quem sabe”, pensei.
Chegava a altura então de procurar o primeiro emprego e que melhor local que uma empresa de trabalho temporário (era já um prenúncio que não iria durar muito tempo). Dados recolhidos, inscrição feita, só restava esperar que me contactassem. E não demorou muito até me ligarem com “a boa nova”! Tinham-me arranjado trabalho para uma empresa chamada SocTip (Sociedade Tipográfica).
E lá fui eu, muito contente, conhecer as instalações e saber quais seriam as minhas funções e os meus horários. Iria ser Aprendiz de Offset: Ainda não me tinha safado de tentar aprender na escola e já ia novamente para aprendiz...
Até aqui tudo bem, depois fui apresentado àquele que viria a ser o meu professor na arte da impressão. Expliquei-lhe que era o meu primeiro emprego e ele reagiu com uma expressão muito semelhante à minha todas as manhãs (que, no meu caso, tem como legenda muitas asneiras e um sempre errado “amanhã deito-me mais cedo”).
É tal e qual isto, mas em humano!
Apesar disso, comecei na minha função de aprendiz a fazer aquilo eu os aprendizes fazem: todo o trabalho “sujo” que o chefe não quer fazer, enquanto ele nos ensina à velocidade da luz…apagada! Esforcei-me sempre, deixei lá o meu sangue (quando me cortei no papel), suor (todos os dias tendo em conta que estávamos no Verão) e lágrimas (quando me cortei no papel! Aquilo dói, só de me lembrar já estou quase a chorar) durante dois árduos e longos meses.
Durante dois meses deu para descobrir que o meu chefe/professor era só um ex-Skinhead, no turno da noite um exaustivo ouvinte de Death Metal e era sempre uma simpatia para mim.
No meu último dia (no caso noite), enquanto ele dava ouvidos ao seu Discman (sim já foi assim há tanto tempo), a máquina de impressão apitava com algum problema recorrente de alguma desafinação na impressão. Eu, vendo que ele estava demasiado ocupado a curtir o som, decidi seguir as suas instruções sempre especificas e de fácil execução: “sempre que a máquina apitar, carregas aqui ou aqui ou aqui, até ela parar de apitar”, e assim fiz carreguei num botão, depois noutro e por fim ainda em mais outro, até que a máquina parou… de apitar e de trabalhar!
“Então, mas você é cego?! Não vê que não pode ser assim, que é assim e assim (adoro esta especificidade, mas foi literalmente assim)”.
Olha, não vê, mas afinal vê como deve ser!
Primeiro: chamar cego a uma pessoa que, como eu, vê mal, é o mesmo que chamar um gordo de…gordo! Depois, eu só segui as instruções, bem especificas, e à letra, não resulta… a culpa é do gordo vesgo que não aprendiz!