Hoje n’A Vida Dum Carola vamos passear entre o passado e o presente, numa das datas mais importantes do ano: As festas de Samora Correia! Sejam bem-vindos e esperem o que sempre têm esperado deste espaço: histórias verídicas, contadas com toda a exactidão e pormenor (não é por um menor — embora a maturidade seja questionável, já sou maior de idade há alguns anos)!
Ora então as Festas de Samora são em honra de Nossa Senhora da Oliveira e Nossa Senhora da Guadalupe, algo de que quase ninguém se lembra exceptuando quando cortam algumas estradas para as procissões religiosas passarem e alguns moradores reclamarem por isso. Realmente isto de fazerem procissões numas festas dedicadas a duas santas não faz sentido nenhum… Quando cortam as mesmas estradas para que haja uma passagem de touros… aí está tudo bem não há problema, já toda a gente sabe as horas a que essas passagens acontecem e aí já ninguém protesta. Engraçado é que o sítio onde informa essas passagens de toiros, ser o mesmo que informa das procissões, chamado: Programa das Festas (em papel ou digital)!
Estas festas são muito dedicadas aos toiros, cavalos e campinos e eu admito também gosto muito desta altura. Dedico-me muitas vezes a pôr a conversa em dia com os Avecs (e com alguns bêbados intrometidos também). A tradição segue forte e de boa saúde, notando-se principalmente nas fardas típicas: calças, saias, mini-saias, cintos largos, mini-tops, etc. O Boi?! Às vezes fico tão atento à “tradição” nas tronqueiras que mal lhe vejo a cor!
Olha o touro!!
Outro dos pontos altos é a festa de sábado à noite, a noite de sardinha assada. Pelo recinto da festa são distribuídos fogareiros, sardinhas e vinho. É uma noite “à patrão”, a comer à pala ou uma noite à cigano (neste caso com o alto patrocínio da Segurança Social)! Eu, por exemplo, nem gosto de sardinhas… opto por me embriagar por conta própria. Sai mais caro, mas também já uma tradição!
Voltando àquilo que interessa numa festa em honra de santas, a procissão de Domingo à tarde é o ponto mais alto. Lembro-me da minha avó obrigar a mim e ao meu irmão a irmos com ela à procissão, todos bem vestidos (esta parte era negociada exaustivamente em troca de um brinquedo novo)! Engraçado que estar numa procissão em pleno Agosto debaixo de um sol abrasador não era problema nenhum para a minha avó, mas quando o assunto era ir brincar no quintal… “não podes porque está muito calor”! Os santos fazem milagres, realmente…
Em termos de atracções musicais Samora aposta numa abordagem inovadora: passam o ano à procura das bolas de cristal e depois ressuscitam um cantor de quem já ninguém ouvia falar há 30 anos. O ano passado foi o José Alberto Reis, este ano temos a Adelaide Ferreira (voltaremos a este assunto não tarda).
Tu agora apareces todas as semanas?!
Como se isto não fosse já inovação suficiente ainda adoptámos uma medida com vista o aumento do turismo: adoptámos o fuso horário dos Açores para os horários das largadas de toiros. Isso ou elas começam sempre com uma hora de atraso, mas não acredito muito nisto, é sim Samora a inovar!
De notar que este texto foi escrito sobre uma, destas duas hipóteses: ou ainda estou sobre o efeito dos resquícios de sangria de Sábado que ainda habitam na minha corrente sanguínea; ou estou a sofrer de stress pós-traumático de um sobrevivente do concerto da Adelaide Ferreira no Domingo à noite. É o que dá morar quase no centro da zona de risco elevado (que tem um raio de três quilómetros)!
Boas Festas de Samora a todos quantos nos visitam, voltem sempre, e àqueles que não conhecem a cidade, além desta festa temos um monte de atracções para quem quiser passear por aqui, não é perfeita, mas já dizia o Bruno Nogueira “Perfeita, perfeita só a Super Bock sem álcool”!