Olá a todos mais uma vez. Nesta segunda-feira que, como todas as outras, é sempre complicada (excepto para quem está de férias), eu venho falar-vos duma experiência também bastante complicada que tive na minha juventude: Dentes e Dentistas!
Ainda eu mal sabia que haviam dentes de leite e dentes definitivos e houve alguém que olhou para a minha boca e decidiu chumbar uns quantos. Ninguém explica a uma criança de 7 anos que até os dentes têm de estudar senão não passam de ano, eu nem sabia que havia escolaridade para dentes…
Vamos lá ao que interessa, digo eu e disse o doutor assim que me apanhou de boca aberta! Broca, pra cá, sons estranhos pra lá, o senhor dentista muito contente a fazer o seu “trabalho” e eu cheio de medo, até que às tantas…
“Ó senhor doutor você por acaso está a chumbar os dentes até ao estômago?! É que o rapaz já chora parece uma torneira, e está a apertar-me a mão que daqui nada já nem a sinto!” — disse a minha avó que me acompanhava na consulta.
“Pronto, também já acabámos (coincidência), ele portou-se muito bem!” — disse o dentista
“Já (v)ocê (d)evia ser (c)humbado de (c)ima a (b)aixo” —disse eu enquanto soluçava por entre dores e algodão na boca!
“É o quê rapaz?!”
“(n)ada (n)ada”
Dizer que fiquei traumatizado com dentistas é pouco, nunca mais o quis ver à frente, e sofri muito por isso!
Outra coincidência engraçada (hoje em dia... que na altura não teve graça nenhuma) foi que tive mais dores de dentes depois de eles serem chumbados (se calhar estavam revoltados com as notas que o dentista lhes deu)! Tive muitas dores e o maior problema era para dormir, como sempre! Digamos que eu com dores também era um chorão que até metia nojo a mim mesmo!
Mas houve um dia (no caso, noite) que tudo ficou resolvido e o sossego voltou a reinar em casa! Menos para o meu pai…
“Queres ver que a garrafa do bagaço tem mesmo um buraco no fundo. Ontem deixei-a aqui, cheia, hoje já está meio-vazia (o meu pai é assim, um pessimista, nunca vê o copo, neste caso, garrafa meio-cheia)! Alguém mexeu no meu bagaço?”
“Fui eu!” — respondi cheio de vergonha.
Os olhos do meu pai brilharam (quase como os olhos das mães quando as filhas têm a menstruação pela primeira vez, do tipo “ah agora já é uma mulher”) e disse orgulhoso:
“Ah meu rico filho, anda cá ao pai… quem sai aos seus…”
O orgulho dum pai... até que...
“Mas eu só bochechei e mandei fora para ver se adormecia a dor…”
A expressão do meu pai muda radicalmente do orgulho extremo e diz num lamento:
“Meu rico bagacinho… pelo cano abaixo… que desgraça…”
“Mas, pai, já me passou a dor” — disse eu, tentando animá-lo.
“Mas a mim não… coitadinho do meu bagaço…”
E saiu de casa desolado e foi afogar as mágoas em cerveja!
Por isso já sabem, invistam na educação dos vossos dentes para o bem deles e do bagaço dos vossos pais!