Estava mais que na altura de admitir isto: sim, eu sou Escumalha.
Durante muito tempo nem sabia que era ou o que isso significava realmente, mas a partir do momento em que me foi dado a conhecer essa realidade, percebi que embora não fosse perceptível à primeira vista, eu era Escumalha.
Muitas questões se foram levantando ao longo tempo: O que é isso de ser Escumalha?! Como é que se é Escumalha?! Como é que isso acontece?! O que foi que eu fiz para ser Escumalha?!
Com tantas questões o mais óbvio a fazer foi ocultar e rejeitar essa parte do meu ser e guardá-lo lá bem no fundo onde ninguém pudesse chegar. Depois a vida vai andando e encarrega-se de fazer com que tudo aquilo que queremos evitar mostrar aos outros, acabe por vir sempre à tona para nos melindrar.
E foi aqui e agora, e perante todos vós, que decidi pegar o touro pelos cornos (PAN a reclamar em 3,2,1…) e admitir perante toda a gente aquilo que sou. Escumalha.
Foi ele que disse...
Não só Escumalha, mas também Escumalha. Nem o melhor Escumalha, nem o pior. Na verdade, serei acima de tudo um Escumalha renegado. Não por opção própria, mas sendo sincero, se tivesse no lugar do meu pai teria tomado essa mesma opção.
Sim, a culpa de eu ser um Escumalha renegado é toda dele. Claro que já tinha feito o mesmo com o meu irmão mais velho e seria sempre isto a cada gravidez da minha mãe, não fosse aquele pequeno “acaso” de os meus pais se terem separado pouco tempo depois de eu nascer.
A questão aqui é que o, naquela altura, sogro do meu pai tinha esse bonito apelido: Escumalha. Logo, e como é evidente, a sua filha e minha mãe também tinha como último nome, Escumalha. O meu pai não gostando do que aí vinha (e desta vez não estou a falar de mim), percebeu que com a conjugação dos dois apelidos, o da minha mãe “Escumalha” e do meu pai “Carola”, os seus filhos iriam ter um apelido a ofender o outro.
No meu caso, e para compensar a substituição para o apelido “Ramos” da minha avó materna, decidiram chamar-me Nuno. Isso é que é ser escumalha, chamar Nuno a alguém…
Se calhar é melhor não generalizarmos... nem todos na minha família são artistas!