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Carola Ponto e Vírgula

Carola Ponto e Vírgula

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         Vamos falar de estabilidade familiar? Vamos lá então!

         Tinha eu nove anos e estava aos cuidados da minha avó materna (Dona Adélia) durante a semana e ao fim-de-semana ia para o meu pai e para os meus avós paternos (o Senhor João Carola e a Dona Isalinda).

         Eis senão quando o meu pai se enamora por uma senhora e decide juntar-nos todos: ele, ela, as quatro filhas dela e os dois filhos dele.

         Foi uma adaptação fácil. Tirando o facto de eu não gostar da minha madrasta nova, andar sempre ás turras com as filhas mais novas dela e ter passado de neto, quase, único da avó Adélia para uma casa cheia de gente. Demorou um pouco mas conseguimos a tão desejada estabilidade.

         Pouco anos mais tarde e para animar mais as coisas, os adultos do lar decidem mudar de casa. Foi a melhor decisão que tiveram juntos (isso ou talvez terem feito o meu irmão mais novo, mas ainda estou indeciso).

         Chegados a um bairro novo tive a sorte de ir morar no mesmo prédio de um colega da minha turma. Ali estava eu, um rapaz de onze anos (acho eu, a memória já teve melhores dias) a conhecer os cantos ao bairro quando a vi: loira, olhos azuis, doida o suficiente para me dizer olá e ainda se rir para mim (ou de mim) … O meu mundo ficou de pernas para o ar, literalmente. É que para a impressionar fiz o pino (só bem mais tarde é que percebi que pinar era outra coisa).

 

         Naquela altura umas das brincadeiras mais em voga era o Bate-Pé. Vi aí a minha oportunidade e acabámos por organizar um Bate-Pé Versão Apito Dourado, ou seja, com os resultados já combinados. Convenci as minhas duas irmãs “emprestadas” (ou se calhar foram os outros rapazes) e elas convenceram essa nossa amiga. Ela percebeu que só fazia sentido eu jogar com ela. Isso ou teve pena de mim e como não tinha mais nada de interessante que fazer …

Emma Spice Girls.jpg

Quem quiser jogar comigo ao Bate-Pé levanta a mão... 

 

         Passados uns tempos naquela brincadeira lá veio ela com o típico discurso:

         — Desculpa, não és tu, nem sou eu, somos nós, assim não dá!

         — Pois, isto antes da puberdade fica um bocado monótono e eu já tenho saudades de jogar à bola! — Respondi eu.

         E cada um foi à sua vida!

         Anos mais tarde, já no pós-maioridade, ela acabou por ter um relacionamento, imagino duplamente longo, com um rapaz de origem africana.

         Sabendo isto fiquei mais descansado e percebi que não havia puberdade possível de nos manter juntos!