Olá pessoal, espero que se encontrem todos bem. Vamos lá falar de mais uma leitura para o #challengedomes da @chuvadeletras_ e da @fantasy.world97. Nesta segunda semana tínhamos que escolher entre Terror ou Memórias e Testemunhos, eu escolhi a segunda opção. Primeiro porque ainda fugo um bocado de livros de terror, embora já tenha lido um ou dois. Aliás acho que devia ser um género que devia apostar mais um pouco. Sugestões? Qual o vosso escritor de Terror favorito? Segundo, já tinha este livro aqui há demasiado tempo por ler e assim tinha uma razão para voltar a ler esta autora, Prémio Nobel da Literatura, depois de já há demasiado tempo ter lido “As Vozes de Chernobyl”.
Sendo assim, vamos falar de “As Últimas Testemunhas” (título original: Poslednie svideteli) da genial Svetlana Alexievich, editado em Portugal pela Elsinore. Este livro traz-nos os relatos de cem crianças bielorrussas, órfãs que foram afectadas pela invasão alemã à antiga União Soviética, morrendo cerca de 3 milhões de crianças, vivendo 27 mil em orfanatos na Bielorrússia.
Para quem já leu algum livro desta autora já sabe com o que contar, relatos genuínos, duros, mas escritos com mestria que nos deixa completamente desarmados e com o coração nas mãos. Agora imaginem isto mas com o ser mais honesto do Mundo, aquelas que foram as crianças que felizmente sobreviveram para nos dar a conhecer tudo aquilo que normalmente não vem nos livros de História.
Quando leio livros deste género (e isto acontece em todos os livros que leio sobre a Segunda Guerra Mundial), espanta-me como é que com exemplos desta gravidade e crueldade, ainda concebemos que haja guerra seja em que canto do Mundo for, bem sei que a informação não chega a todos da mesma forma, isto quando sequer chega e não é bloqueada ou distorcida, mas já podíamos ter aprendido mais com as guerras anteriores, sendo que por vezes são os países, ditos civilizados, que mais provocam a guerra, que devia ser visto como algo desumano e não como mais uma forma de negócio…
Dizer que os relatos são perturbadores fica muito aquém daquilo que vamos lendo, enquanto passamos por vidas que sim, sobreviveram, mas que muitas delas ficaram despedaçadas mesmo ao ponto de se isolarem e não terem, por exemplo, sequer conseguido apaixonar-se por alguém. Sobreviver é provavelmente um exagero, infelizmente para eles (mas ironicamente doloroso, felizmente para nós que lemos estes relatos) os seus corações só não pararam de bater!
Não podendo comparar com o sofrimento com que estes relatos viveram, a autora consegue extrair tudo o que estas crianças passaram naquele tempo e marcar também o leitor para o resto da vida. Eu adorei o livro e foram mais 4 estrelas no Goodreads bem recheadas. Ao contrário do que aconteceu com “As Vozes de Chernobyl” que foram (não sei se oficialmente ou não) adaptadas para uma série espectacular, acho que aqui o melhor seria mesmo um documentário, com algumas destas pessoas, uma série seria demasiado duro de se ver!
Mais uma vez, mantenham-se em segurança, aguentem que a tempestade irá passar. Continuem com muitas e boas leituras! Até à próxima!
