Olá a todos, cá estamos de novamente esta semana prontos para… reclamar por um Verão que tarda em chegar e ficar! Dizem que chega para a semana, o problema é que dizem isso desde Abril…
Tirando isso, temos mais um livro para opinar (e não “oh pinar”, atenção) e pela abordagem que estão a ler, já dá para antever o tipo de livro.
Ora então hoje no menu literário temos: “Com o Humor não Se Brinca” do jornalista Nelson Nunes. A ideia deste livro nasce em conversas entre Nelson Nunes com um dos maiores humoristas da actualidade, e certamente o mais controverso, Rui Sinel de Cordes.
Com este livro pretende-se falar sobre o humor, surpreendentemente, de forma séria. Além da apresentação dos entrevistados (que vão desde Herman José até Ricardo Araújo Pereira, passando por Salvador Martinha, Bruno Nogueira e o já referenciado Rui Sinel de Cordes), entrevistador e entrevistados debruçam-se sobre: a origem do desejo de cada humorista em fazer rir os outros; quais os limites do humor e porque razão ainda existem tão poucas mulheres no ramo.
Já li este livro há algum tempo, mas lembro-me de adorar conhecer a forma de pensar e agir destes “mestres da piada”, e de perceber que, como é óbvio, nenhum deles é o chamado “parvo”. Todos muito inteligentes e é por essa inteligência ao serviço da comédia que são reconhecidos por todos nós.
Há quem pense que fazer humor é “só” dizer uns disparates para a malta se rir. Posso compreender esse raciocínio até certo ponto, mas imaginem a dificuldade de ter que escrever/dizer esses “disparates” todos os dias e obter daí uma reacção das pessoas (governantes, vocês não contam para este raciocínio).
Depois também se pode discutir o que cada um define como humor, da mesma forma que no futebol podemos discutir a qualidade de um jogo defensivo ou de um jogo mais atractivo, atacante e com mais golos. Como já disse este livro discute o humor à séria e discutir sobre temas é normal e até recomendável, respeitar a opinião de cada um é essencial (por isso respeitam a minha, senão vou dizer ao meu pai).
Para quem é fã dos humoristas entrevistados, este livro é uma mina de informação. Depois temos um autor que além de dar espaço aos nomes consagrados da comédia nacional, ainda se lembra de dedicar umas páginas aos valores emergentes, mostrando alguns nomes que pessoas, como eu, ligadas aos nomes mais Old School não reconhecem. Depois de ler este livro fui pesquisar sobre eles e aqueles que mais gostei e que agora mais acompanho são o Diogo Faro e o Diogo Batáguas. Também por isto adorei este livro e recomendo-o a todos quantos gostem de ver o humor de boa saúde! Obrigado por lerem mais esta opinião e sejam felizes, para a semana há mais!
“(…) Por isso, depressa me apercebi de que seria difícil abordar, assim a frio e à bruta, a maior luta que Franco-Bastos teve de travar. A 14 de Março de 2014, no dia em que gravava o DVD ao vivo no Cinema São Jorge, a data apoteótica de estreia de Roubo de Identidade, o humorista recebeu a pior das notícias: a sua mãe havia falecido. Estóico, manteve o espectáculo e atirou-se ao palco. Aos olhos de muitos, eu incluído, o acto foi heróico. O cobarde era eu, nesta altura, que não conseguia encontrar uma fresta por onde introduzir o assunto.
Tentei fazê-lo por portas travessas e comecei por perguntar a Franco-Bastos se pensa que os humoristas precisam de ter um lado negro, depressivo, para encontrar as melhores piadas. «Percebo essa ideia e concordo. O Simon Amstell, humorista, dá uma entrevista num documentário da BBC e revela uma perspectiva interessante, na qual me revejo: para teres um olhar cómico do mundo, é como se nunca te envolvesses realmente e como se fosses sempre um espectador. Ou seja, numa situação pela qual passas — uma perda ou uma tragédia — há sempre uma parte de ti que está a assistir de fora e que está a gozar com isso. Nesse aspecto, o humorista transforma-se numa pessoa um pouco solitária. Porque vê sempre tudo de fora e não está dentro da situação.»”