Olá a todos, bem-vindos a mais uma opinião. Hoje temos o primeiro livro de Dezembro, a minha estreia do escritor Daniel Silva: “O Assassino Inglês” na versão livro de bolso edição da 11X17.
Para quem, como eu, gosta deste tipo de história que utiliza factos verídicos para desenvolver a sua trama, Daniel Silva é um dos nomes que aparece sempre nas pesquisas, ao lado de outros velhos conhecidos como Dan Brown e José Rodrigues dos Santos.
A Personagem principal é Gabriel Allon um restaurador de arte e por acaso, ou talvez não, espião judeu que se encontra já na fase final da sua carreira, mas que se vê em mais uma missão por resolver quando chega a casa de Augustus Rolfe, também ele um coleccionador de arte, que contratara Gabriel para restaurar um dos seus quadros, e dá de caras com o banqueiro suíço morto.
“Marguerite Rolfe concentrou-se no trabalho, avançando lentamente e sem interrupções. Passado uma hora, estava feito. Um bom buraco, concluiu: cerca de dois metros de comprimento e meio metro de largura. Quinze centímetros abaixo da superfície, tinha-se deparado com uma camada espessa de barro. Devido a isso, era um pouco menos fundo do que gostaria. Não importava. Sabia que não era permanente.
Pegou na arma. Era a arma preferida do marido, uma espingarda linda, trabalhada à mão especificamente para ele por um mestre armeiro em Milão. Ele nunca mais poderia voltar a usá-la. Isso, a ela, agradava-lhe. Pensou em Anna. Por favor, não acordes, Anna. Dorme, meu amor.
A seguir, entrou na vala, deitou-se de costas, colocou a ponta do cano da espingarda na boca e puxou o gatilho.”
Depois disto e tendo várias cidades como pano de fundo (Veneza, Zurique, Paris, Roma, Viena, Londres e também a Costa de Prata em Portugal), Allon vai em perseguição daqueles que mataram Rolfe e das razões pelas quais o fizeram. Contando com a ajuda de várias pessoas, mas principalmente da filha Anna Rolfe, o nosso espião vai desenrolando o novelo que é a história de Augustus Rolfe que fica muito ligada às pilhagens de arte pelos nazis aos judeus na Segunda Guerra Mundial.
A Segunda grande guerra é um mundo em si mesmo, do qual eu não sou o maior conhecedor, e por isso não fazia ideia destes acontecimentos que ainda por cima se desenrolaram com o apoio de um país “neutro”, a Suíça.
Gostei da forma como se mostra uma realidade obscura de um país tão bem visto, pelo menos por mim, como a Suíça.
“— Viste aquilo, Oded?
— Ele está mesmo com um caso sério de nervos.
— Continuas a achar que ele é só um negociante de arte que não vende muitos quadros?
— Não parece muito honesto, mas porquê sobressaltá-lo com um telefonema daqueles?
Gabriel sorriu e não respondeu nada. Shamron chamava a isso enfiar uma pedra no sapato de um homem. De início, causa apenas uma irritação, mas passado pouco tempo deixa uma ferida aberta. Se a pedra lá ficar tempo suficiente, o homem tem um sapato cheio de sangue.
Cinco minutos depois, Werner Müller fechou a galeria e deu o dia por terminado. Em vez de deixar o saco do lixo no sítio habitual, largou-o na porta do lado, em frente à boutique das roupas. Ao dar início à caminhada até ao Foquet’s, olhou várias vezes por cima do ombro. Não reparou na figura esquelética de Mordecai, que o seguia do outro lado da rua. Werner Müller tinha uma ferida a ganhar pus, pensou Gabriel. Não tardaria muito a ter um sapato cheio de sangue.
— Traz-me o lixo dele, Oded.”
A acção, essa vai decorrendo como mandam as regras de um bom policial: intenso, com as inevitáveis mortes, com voltas e reviravoltas, ajudas e traições que nos vão mantendo interessados durante horas, capítulo atrás de capítulo. Devo dizer que infelizmente não consegui dar a este livro a dedicação suficiente para o acabar num instante e demorei tempo demais até chegar ao fim.
Recomendo-o a todos os fãs de outros autores do género, mesmo não sendo revolucionário, é muito bom de se ler e tenho a certeza que voltarei ao autor, muito provavelmente depois de um daqueles livros que nos desilude e em que é preciso compensar essa desilusão com uma leitura que tenho a certeza que vou gostar.
Obrigado a todos, até à próxima e fiquem atentos que vêm aí mais Posts para vos alegrar!
“Ia-se orientando pelo feixe de luz fraca que saía da lanterna, que mais parecia uma caneta de tinta permanente. Uma vez mais, teve a sensação de ir desbravando o escritório, um fragmento de cada vez, desta vez em sentido contrário. A cada movimento da luz, um dado novo: a escrivaninha em madeira de carvalho, os cadeirões do século XVIII, um sofá de cabedal…
Um homem parado à entrada, com uma pistola apontada ao coração de Gabriel.”