Olá a todos, bem-vindos a mais uma opinião. Hoje temos a segunda leitura do mês de Outubro (já só faltam três para bater o meu recorde num mês, yeah!): O Espião Que Saiu Do Frio, de John le Carré, com a edição 50 anos!
Desde logo temos um prefácio do próprio autor para celebrar os cinquenta anos desta obra. É sempre bom ver que os autores se preocupam em celebrar estas datas!
Temos a história de Leamas, um espião aparentemente caído em desgraça, que acaba por embarcar em mais uma missão, numa época como uma Alemanha ainda dividida em duas. Todo o enredo é isso mesmo, só aparente e o autor deixa-nos na dúvida em várias vertentes: Qual é realmente a missão?! Para quem trabalha Leamas na verdade?! Desde quando é que Leamas está e missão?!
“— Tenho más notícias para si — disse ele. — Andam à sua procura em Inglaterra. Soube-o esta manhã. Estão a vigiar os portos.
Leamas perguntou impassivelmente:
— De que me acusam?
— Teoricamente, de não se ter apresentado numa esquadra dentro do período regulamentar depois de ter sido posto em liberdade.
— E na prática?
— Consta que você é procurado por infração à Lei do Segredo de Estado. A sua fotografia aparece em todos os vespertinos. Os títulos são muito vagos.
Leamas manteve-se imóvel.”
Achei o ritmo demasiado rápido e sem grandes surpresas, ou pelo menos, surpresas que eu nem sequer tivesse imaginado. Não é uma história linear que se limita a ir do início ao fim sem grandes reviravoltas, mas também não é uma caixinha de surpresas, com alguma revelação de nos deixar de boca aberta. Para isto tudo, talvez tenha contribuído o facto de a obra ser muito curta para a acção e tempo que decorreu nela.
São pouco menos de trezentas páginas, que no fim de contas, nos trazem um romance sólido, mas que não me cativou por aí além. Bom, bem escrito, mas sem nada de muito surpreendente. Provavelmente uma das razões para não me cativar é o facto de tudo se passar já num tempo muito longínquo e com o qual alguém da minha idade tem dificuldade em perceber como era viver em tempos como aquele.
Não fiquei ansioso por voltar a este autor, mas se tiverem alguma sugestão que me possa fazer mudar de ideias, comentem ou então que outros livros existem sobre esta época e que me possam surpreender.
Obrigado a todos, bom fim-de-semana e até à próxima.
“— E outros judeus?
— Dá-lhe uma oportunidade de reforçar a sua posição — retorquiu secamente Leamas.
— Matando mais inocentes? Isso não parece preocupar-te muito.
— Claro que me preocupa. Enche-me de vergonha, de raiva e de… Mas fui treinado de outra maneira, Liz; não consigo ver as coisas a preto e branco. As pessoas que estão envolvidas neste jogo correm riscos. O Fielder perdeu e o Mundt ganhou. Londres ganhou… o importante é isso. Foi uma operação muito, muito suja. Mas compensou, e essa é a única regra.”