Olá a todos, bem-vindos a mais uma opinião neste sábado de Verão (diz o calendário). O livro de hoje foi um presente do meu irmão, que como todos quantos me dão presentes já sabem, um livro é sempre bem-recebido cá em casa!
Começamos logo pelo título genial: “O Papagaio do Jesus”. Assenta que nem uma luva ao antigo treinador de Benfica e Sporting (e futuro treinador do Futebol Clube do Porto, esperem só!), mas na “realidade” este livro é a narração do animal de estimação de Jorge Jesus, um papagaio.
O nosso papagaio favorito vai-nos relatando as várias peripécias e aventuras de Jorge Jesus ainda enquanto treinador do Benfica, mas também como treinador do Sporting.
A escrita de João Costa Pinto é hilariante, a forma como vai percorrendo a passagem do treinador pelos dois clubes grandes de Lisboa, sem nunca esquecer o namoro (e casamento anunciado aqui) do Presidente Portista Pinto da Costa, mostra que conseguiu ligar bem a cronologia dos factos que foram ocorrendo ao longo destes anos todos.
Aquilo que mais gostei foi mesmo a forma como conseguiu assimilar a forma e o “português” de Jorge Jesus, chegamos quase a ouvir a voz do treinador no nosso cérebro. Sou um adepto confesso (e se fizerem um clube torno-me sócio) deste português de rua, cheio de calinadas, sem papas na língua e que todos entendemos perfeitamente. Claro, não gosto de ver a nossa língua maltratada, mas sendo a língua nossa, também é destes que falam sem olhar a regras gramaticais e com um dicionário em punho!
Sendo que desta linguagem ainda se conseguem arrancar umas belas gargalhadas, acho que o Camões e outros senhores que mandam acabados em “ões” não se vão importar (pelo menos não será preciso nenhum acordo ortográfico, que atrapalha mais do que ajuda).
Gostei muito e tendo em conta os últimos acontecimentos em Alcochete e a ida para as arábias, acho que o nosso papagaio predilecto já deveria voltar a dar com o bico no trombone para nos pôr a par das últimas novidades! Obrigado a todos e bom fim-de-semana.
“— Raúl Jesé, precisamos de alguém para a baliza.
O fiel adjunto do meu dono, pôs logo o dedo no ar.
— Últimos a ir à baliza!
— Mas alguma vez eu ia-te pôr-te à baliza, com esse corpinho à Zé Maria do Big Brader? Temos é de comprar dois ou três guarda-redes de jeite.
— Não basta um?
— Tu, realmente, pensas mesmo à pobrezinho. Isto é o Benfica, pá. Estava a pensar naquele guarda-redes do Braga…
— Quem, o Artur?
— Esse. Aprendeu tudo comigo.
— Mas ele não estava lá quando estivemos no Braga…
— Mau. Mas tu queres ir para o quarto de castigo, ou quê? Ele não estava lá, mas veio depois e ainda apanhou ali um bocadinho da minha tática.
— Pronto, pronto…
— E Também quero o outro puto que eu treinei no Braga, o Eduarde.
— Ah, bem pensado. Assim sempre ficamos p’raí com uns três ou quatro portugueses no plantel, pode ser que deixem de mandar bocas…
— Isso, para mim, é tudo uma treta. Se é sul-amaricane, se é português ou brasileiro. O que interessa é que joguem.
— Mas olha que grande parte dos que comprámos não jogaram.
— Já para o quarto de castigo!
— Ó Jorge…”