Olá a todos, sejam bem-vindos ao blogue. Hoje trago-vos mais uma opinião literária (dito assim até parece uma cosa de profissional).
Desta vez trago a obra de Yuval Noah Harari — “Sapiens: Uma História Breve da Humanidade”.
O título torna evidente qual é ao assunto explorado. No entanto, o autor não se limita a passar pelos milénios da história do Homo Sapiens enumerando as descobertas, invenções e conquistas da espécie mais dominante do globo terrestre actualmente. Ele preocupa-se com questões à partida simples, mas até agora nunca tiveram a luz focada nelas: as pessoas são mais felizes à medida que progredimos? A evolução da espécie foi o melhor para o Homo Sapiens enquanto individualidade? Ao longo da história existe justiça? Ao longo das quinhentas páginas desta obra, o autor esforça-se por responder e justificar todas as suas respostas.
Percorremos três grandes revoluções que transformaram a humanidade naquilo que é hoje: Revolução Cognitiva, Revolução Agrícola e Revolução Científica.
Gostei particularmente da forma como aquilo a que chamamos evolução pode não resultar numa vida mais feliz. Parece surreal pensar que os Recolectores poderiam ser mais felizes que os Sapiens após a Revolução Agrícola, mas o facto é que esta revolução fez com o Sapiens se fixasse e tivesse uma alimentação muito menos diversificada e muito dependente do trigo, que obrigava a despender muito mais horas a tratar do alimento em comparação com os Recolectores.
Alguns capítulos, e não são tão poucos assim, estremecem-nos as convicções e credos. A ideia de que a grande maioria das coisas que damos como reais, com sentido e indispensáveis sejam apenas coisas imaginadas (no aspecto em que não estavam cá desde o início, foram criadas pelos nossos antepassados), começando em todas as religiões até às empresas e ao dinheiro, deixam o leitor com mais dúvidas em relação ao nosso propósito neste planeta.
“Os seres humanos são o resultado de processos evolutivos cegos, que operam sem objectivo ou propósito. As nossas acções não fazem parte de um qualquer plano cósmico divino e se a Terra explodisse amanhã de manhã seria provável que o Universo continuasse o seu percurso habitual.”
Ao lermos nesta obra que actualmente vivemos na era com menos mortes em situações de guerra e de confrontos, não podemos deixar de desconfiar do autor, até porque depois não é isso que vemos nos telejornais. Mas depois lá aparece ele com uma coisa chamada factos. É curioso também a forma como a arma mais mortífera da História, a bomba atómica, seja também a razão para a manutenção da paz global ao longo de tanto tempo (nota-se que esta obra foi escrita antes da eleição de Trump?!).
No final somos brindados como uma previsão de como será o futuro da Humanidade e o que acontecerá ao Homo Sapiens enquanto espécie. É a introdução à sua obra seguinte, que ainda não li, mas que fiquei ansioso por ler, “Homo Deus: História Breve do Amanhã”.
Gostei bastante de como o senhor Harari abordou a História com perguntas e formas de pensar bem diferentes da maioria. É importante armazenar e digerir toda a informação aqui apresentada antes de me lançar em outra aventura, essa focada no futuro.
Recomendo este livro a quem é viciado em factos e a quem gosta de ver levantadas questões alternativas às da maioria que foram feitas e estudadas até aqui.