À esquerda o estafermo, no meio a Dona Adélia, à direita o mais giro!
(isto claro, do ponto de vista da minha avó!)
Olá a todos, hoje é dia de iniciar o desafio proposto pelas meninas no The Bibliophile Club e falar sobre as mulheres da minha vida.
Sem modéstia nenhuma (até porque pouco tive a ver com isso) posso dizer que tenho sido bastante afortunado com grandes mulheres ao meu redor e que, cada uma à sua maneira, me moldaram no homem que sou hoje. Isto dito assim não parece muito macho, mas lamento informar homens, embora vos custe muito admitir, tudo de bom que são hoje enquanto seres humanos é graças às mulheres das vossas vidas!
Hoje começo por falar na primeira mulher da minha vida: a Dona Adélia. A Dona Adélia é a minha avó materna, é o que diz a árvore genealógica da família, mas para mim foi a minha primeira mãe (tive mais que uma. Eu sei, sou um gajo de sorte) e é com ela que tenho as minhas primeiras memórias (da minha mãe também tenho algumas). Ela tomou conta de mim até aos meus 9 anos, sendo viúva desde que eu tinha 3 anos.
A minha avó não sabia ler, nem escrever, por isso nos tempos da primária só ouvia “Oh Nuno faz isso bem, que eu não te consigo ajudar, só se for nas contas, aí a avó não falha, tudo certinho”. Acho que é muito isto que falta agora aos miúdos, os avós, esta confiança e tolerância que eles têm para connosco e estão sempre dispostos a ensinar-nos muito daquilo que não se aprende nos livros. Realmente sinto-me um homem de sorte!
Depois dos nove anos, para grande desgosto da minha avó, fui morar com o meu pai e a minha madrasta (lembro-me de a apanhar a chorar já depois de saber que me iria ver sair de casa. Acho que ela pensou que só sairia dali nos meus 50 anos!).
A partir desse momento comecei a visitá-la todos os fins-de-semana. Era o momento em que ia lá, receber mimos e lanches e no fim ela ainda me agradecia pela visita. Os avós são assim, dão-nos tudo e no fim ainda são eles que agradecem!
Não quero culpar o tempo, o trabalho, os amigos, seja lá quem for, mas ultimamente (e não é há tão pouco tempo quanto isso) sinto que estou em divida para com ela, logo numa das alturas em que ela mais precisa de mim… A Dona Adélia é uma máquina, já bem depois dos setenta sobreviveu a um cancro da mama. Ela ganhou essa guerra, mas perdeu muitas batalhas, uma delas é a sua independência. E isso custa-me muito a ver, ela está num lar (onde é muito bem tratada) e sempre que a minha tia pode, vem passar uns dias com ela. Eu podia, eu devia, eu tinha que ir vê-la, mas eu não tenho conseguido, custa-me muito olhar para ela e não chorar, isto enquanto ela está toda feliz por me ver! Eu sei que isso é uma falha enorme da minha parte. Lá chegará o dia em que serei homem o suficiente para voltar a visitá-la, e nesse dia tenho a certeza que aquilo que merecia era umas valentes chapadas, mas não ela vai olhar para mim e dizer: “Se tivesse aqui um foguete, mandava já”!
Pronto, estou aqui que nem merda, estão contentes?!
Deixo-vos uma música, que não sendo nada o meu estilo, sei que é uma das preferidas dela!