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Carola Ponto e Vírgula

Carola Ponto e Vírgula

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Hoje não será tanto um “Blogue Post”, mas sim algo dedicado à minha terra, Samora Correia e com muito por onde falar: desde confissões, a pedidos de desculpa, mostrando o meu reconhecimento, mas acima de tudo, agradecimento.

Samora é uma terra (não lhe consigo chamar cidade, lamento) tipicamente ribatejana. Como tipicamente ribatejana, todos os não-ribatejanos pensam imediatamente numa terra de toiros. É muito isso, claro, mas se olharmos com olhos de ver (e acho que isso, nem nós aqui o fazemos), Samora tem muito mais que só toiros, cavalos e campinos.

É sobre uma dessas “outras coisas” que vos quero falar hoje: o grupo de teatro Os Revisteiros. Liderados por Joaquim Salvador, actor da nossa terra que chegou a trabalhar na televisão nacional. A maior lembrança que tenho dele na televisão foi no Big Show Sic, na Escolinha do Baião em que fazia de surfista hilariante!

 

 

É uma das figuras mais conhecidas em Samora e um dos que mais se esforça por promover a sua terra natal. Acredito mesmo nisto que vou dizer: se não fosse por ele, muito provavelmente, o Carnaval em Samora já teria acabado. Eu sei que Os Revisteiros são muito mais que “só” o Joaquim Salvador, mas daquilo que me apercebo, é sua energia, dedicação e amor aos projectos que atraem todos aqueles que formam o grupo teatral.

Eu não faço ideia das dificuldades e dos constrangimentos que passam para poderem estar no activo há tantas décadas e sempre a organizar espectáculos, mas assim que saem à rua, Os Revisteiros sorriem, divertem-se e a sua felicidade vê-se e sente-se quando actuam perante o seu público. E ainda assim há quem os critique (como se já tivessem feito mais e melhor) e não lhes dê crédito o crédito que merecem.

Eu encaixo-me mais naquele grupo de indiferentes: reconheço-lhes valor, talento e tudo o que tenho referido até aqui, mas não os sigo. E não é por ter alguma coisa contra eles, não gostar deles ou algo parecido, é mais uma daquelas situações em que “não és tu, sou eu…” e que quem está errado sou eu. Sou eu que falho em não apoiar os seus espectáculos e em ajudar da forma que posso para que continuem a ser cada vez mais, melhores e com mais condições.

Isto foi até à última sexta-feira, quando fui ver a peça “Isto é Revista”. Eu não vou ao teatro, ou pelo menos não ia, mas já tinha ouvido que o espectáculo tinha sido isso mesmo, um espectáculo. E como a irmã de um amigo faz parte do elenco, achei que estava na altura de lhes “dar uma oportunidade”. Não podia estar mais enganado… eles é que me deram uma oportunidade de, ao longo de 4 horas, rir muito, ver tudo muito bem organizado e perceber que o talento ali abunda (quase tanto como a minha ignorância em relação a isso). Muitos deles, não os conheço pessoalmente, mas saí de lá agradecido a todos eles e com um sorriso de orelha a orelha. Feliz por mim, mas também por eles, por ver a classe, a diversão e o sorriso com que acabaram aquela noite a fazerem aquilo que gostam e que tanto devem ter ensaiado.

A Revista em si, não ficou nada atrás de algumas que já cheguei a ver na televisão, se tivermos em conta que estamos a falar de “amadores” (não quero usar esta palavra, mas é a que melhor contrasta com o que vou dizer a seguir) o resultado é extraordinário. Dá-me vontade de ir ver outras revistas, só para poder dizer no fim: “Não foi mau, mas a que Os Revisteiros fizeram em Samora foi muito melhor”!

Depois de tudo o que vi ali, aquilo que desejaria ver acontecer se tivéssemos num país ideal era que aquelas pessoas, aqueles actores com aquele talento, fossem profissionais, pudessem ganhar o seu ordenado enquanto arranjavam mais formas de nos entreter e também alertar para alguns perigos que se alastram na nossa sociedade (sim, estou a falar daquela cena espectacular sobre a violência doméstica).

Se outras coisas há em que discutimos e discordamos se são cultura ou não, neste caso não há duvidas: aquilo é cultura e da boa! E por muito que ninguém dos “entachados” do parlamento consiga entender esta ideia, a cultura é um dos grandes pilares das sociedades desenvolvidas.

Eu sou daqueles que vê um espectáculo e além de estar a usufruir da experiência, ainda me meto a pensar no trabalho que está por trás do espectáculo: texto, personagens, cenários, música, coreografias. Não imagino o trabalho, os meses, as horas e, lá está, a imaginação que é necessária para montar um espectáculo desta categoria!

Valeu o preço do bilhete e muito mais, ainda acho que sou eu que estou em dívida para com vocês e para o “valor” que recebi de volta. Vocês são grandes e vou tentar ao máximo dar o meu apoio. Parabéns Revisteiros e sim, “Isto é Revista”!