Devo confessar que a única razão da compra deste livro foi por ter escrito na capa “Prémio Nobel”. Concordamos que para nós, viciados em leitura, é razão mais que suficiente para valer o nosso investimento.
Depois o tema “Chernobyl”: o que realmente sabia eu sobre isso?! Basicamente sabia ser o local onde tinha acontecido um desastre nuclear.
Como é que esta obra ia dar “voz” ao tema não fazia a mínima ideia. Seria um romance baseado em factos verídicos?! Não, nem por sombras! Eram os relatos na primeira pessoa das vítimas envolvidas nesta tragédia.
Foi de relato em relato que se apoderou de mim um sentimento ambíguo. O livro é bom?! Muito! A escrita?! Melhor ainda. O conteúdo?! Desconcertante.
É preciso ter estômago para passar pelas mais de 300 páginas desta obra. A curiosidade em torno de mais obras desta autora aumenta na mesma proporção que cresce o medo de não aguentar mais nenhuma obra deste calibre.
Os relatos doem-nos. Deixam-nos tristes, estremecem-nos. E a mim particularmente deixa-me a pensar como é que somos tão insensíveis ao ponto de tratar assim Seres Humanos, como nós, quase como se fossem menos que lixo.
A forma como se pensa na energia nuclear (e atenção que nem perto estou de ser entendido ou especialista) como algo viável e que todas as medidas de segurança utilizadas vão ser suficientes para prevenir futuras catástrofes, só demonstra que não aprendemos nada com os nossos erros. Até porque aqueles que tomam as decisões estão sempre longe do epicentro destes desastres.
“Tá tudo controlado!” — Dirão eles. Até deixar de estar…
É um livro poderosíssimo e de leitura obrigatória. No entanto é bom que se previnam pois a jornada ao longo destas páginas é dura e pesada, e demonstra de forma crua e real aquilo porque todos os que viveram a tragédia passaram e como ainda hoje sofrem as consequências de um erro que não foi deles. Bom e mau demais ao mesmo tempo (se é que isto é possível).